A família completa |
Primeiro dia de aula do 3º ano, queria
curtição, ficar com meus amigos, ir para as festas, enfim, coisas de uma
adolescente de 17 anos. Pensava muito no vestibular e o quanto queria ir embora
para Curitiba, cidade que sempre amei, mas o destino me pregou uma peça, e
agradeço muito, pois hoje sou muito realizada.
Entrei na sala e vi aquele garoto
marrento sentado no fundo, já o conhecia, não de conversar, só de vista, e
sempre achei que ele fosse mais um ”rebeldezinho” sem causa, mas não sei
explicar, quando olhei pra ele senti que algo me chamou a atenção. Tanto foi para minha surpresa
que precisei sair do meu lugar e ir até uma amiga que sentava perto dele, somente
pra olhar mais perto.
Acho que ele percebeu, logo se
aproximou de mim e iniciou uma conversa com uma de minhas amigas, que ele conhecia
também.
Aos poucos ficamos amigos, e quando
vimos já não nos separávamos mais. Era uma amizade muito bonita, eu adorava
passar horas conversando com ele, e comecei a perceber que de rebelde ele não
tinha nada, era um cara muito legal e que me ajudava bastante nas incertezas
que eu tinha.
Um dia ele me disse que estava
apaixonado por uma garota e eu sem nem perceber deduzi que era uma amiga
nossa, e sempre forçava a barra falando dessa nossa amiga fazendo com que ele ficasse
quieto e parasse de falar, no fundo eu sabia que EU era a TAL, mas o medo de
encarar um relacionamento naquela altura do campeonato, ainda mais com um amigo
que tanto estimava, fazia com que eu sentisse arrepio só de pensar em
estragar nossa amizade.
Até que um dia ele se declarou, foi em
uma de nossas baladinhas, e ele já tinha bebido, e eu não dei muita bola, já
estava bem interessada, só que não admiti nem pra mim mesma, fingi que não era
comigo.
Alguns dias depois na última aula,
minhas amigas colocaram “pilha” e fizeram com que eu desse um beijo nele, foi o
primeiro de muitos que viriam. O problema é que eu não queria nada sério, ou achava que
não queria, e mesmo curtindo estar com ele, falei que não dava mais, que ele
era só meu amigo, e acabou o que nem tinha começado.
“Fiquei” com outro carinha, mas tudo
que eu ia fazer lembrava do meu grande “amigo”, queria que ele
estivesse junto. Inclusive, o garoto com quem eu
“ficava” começou a perceber que eu só dizia
coisas sobre o RENATO, que até então
era somente meu amigo.
Passou algum tempo, eu e o carinha
estávamos nos afastando cada vez mais,então numa noite ele me buscou no
cursinho e pediu para conversar, disse que já não sabia o que queria, e que a
gente era mais amigo do que outra coisa, me veio um alívio, como se tivessem tirado
um peso das minhas costas, e a primeira imagem que me veio a mente foi o rosto
do meu Renato, sorrindo pra mim.
Não contei para ele que não estava mais
de rolinho com o outro, passou mais de uma semana, e então numa aula de
matemática ele discretamente perguntou como estava o meu amorzinho, foi assim bem
irônico, na verdade até hoje tenho certeza que uma de minhas amigas contou para
ele, como pode saber que eu estava
sozinha de novo? Bem, eu respondi que
não tinha relacionamento, e ele pediu para me levar pra casa na saída da aula, eu
disse que não teria problema, ele tentou me beijar, e eu durona mais uma vez,
disse que não era assim, que quando fosse acontecer eu daria um toque.
Fomos pra um barzinho no fim de semana,
e minha cabeça martelava, o porquê de ser tão durona, medo de tentar ser
feliz, achava que ele seria um obstáculo para o meu passaporte da liberdade. No fim,
naquela noite no barzinho, cheguei ao ouvido dele e disse:
- Eu não falei que daria um toque?!
Ele virou e me beijou, lembro como se
fosse hoje, foi um beijo tão apaixonado, com um sentimento tão profundo, e então me
entreguei à paixão.
Isso já faz 6 anos e 5 meses.
De lá pra cá, somente coisas boas nos
aconteceram. Não, eu não fui para Curitiba, e nem para o EUA, como era minha
vontade, não quis me arriscar, pois o meu mundo estava aqui. Muitos diriam que
fui louca, como uma garota tão jovem deixar de correr atrás de certos sonhos para
viver um romance? E se eu tivesse ido? Tivesse me tornando alguém importante
profissionalmente, enfim, financeiramente estivesse tudo em ordem, mas e o amor?
Esse amor puro de jovem que nos uniu, esse amor de verdade de acordar todas
as manhãs e fazer uma piadinha, de beijar com emoção, de ouvir eu te amo mil
vezes por dia e ver o olho do outro brilhando enquanto pronuncia estas palavras, ver
o choro emocionante enquanto nossa casa estava sendo construída, do nosso
primeiro carro, porque com nós foi tudo assim, tudo junto.
Não, eu não poderia ter ido jamais, ter
deixado de viver tudo isso, e nem todo dinheiro do mundo me faria feliz. Saber
que nossas famílias são unidas, saber que amamos e somos amados, chegar em casa e
ouvir o que o outro tem pra dizer. Não há coisa melhor.
Não gostaria de ter perdido nem as
brigas, pois com elas aprendemos mais sobre o outro, mostramos que temos
personalidade, que temos sentimentos diferentes e pensamentos também, mostramos que somos
humanos, e depois da tempestade sempre vem o beijo, o choro, o perdão.
Meu amor é meu melhor amigo, meu
confidente, meu irmão, meu anjo, meu tudo.
Ele me pediu em noivado da forma mais
linda do mundo: me levou no local do nosso primeiro beijo, e questionou se
eu queria mesmo ser sua esposa. Tínhamos 4 anos de namoro, minhas pernas
bambeavam como quando da primeira vez que estive ali, e claro que minha
resposta seria sim, mil vezes sim. O destino me pregou mais uma peça, em Setembro deste
ano, nossa casa, casa que construímos com nosso suor, com o amor e o
dinheirinho contado, ficou pronta! Em um sábado, mais precisamente no dia 22 de Setembro
de 2012, íamos sair com alguns amigos, e o local marcado seria na nossa
casinha. Me arrumei, e esperei por ele, ele me levou até lá, e para minha surpresa,
tinham velas, flores, jantar, e amor, muito amor ao som de Aerosmith e Bom Jovi.
Como eu poderia ter ido e deixado meu amor?
De tudo nessa vida eu tenho uma só
certeza, eu sou realizada! O vejo todos os dias, conto nos dedos quantas vezes não
nos vimos nesses anos todos, e garanto, não enjoo, não canso, não me imagino
de outra maneira, eu mudei minha vida, mudei pra melhor.
Iremos casar ano que vem, e sonhamos
juntos todos os dias, somos acima de tudo companheiros.
Agradeço aquele primeiro dia de aula no
3º ano, aquele olhar que mudou a minha história.
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